quinta-feira, 18 de junho de 2009

Quem paga pelo que é grátis na internet?

Por tudo o que usamos gratuitamente na internet, estamos dando algo em troca ou pagando de alguma forma. Recebemos propaganda, somos estatísticas ou trafegamos com insegurança. Fique de olho.

A variedade de serviços e produtos gratuitos na internet é quase infinita. Todos os dias novas oportunidades de negócios surgem e cada vez mais as ofertas gratuitas se expandem. O tradicional na internet é ser de graça. São pessoas, empresas, entidades ou instituições oferecendo conteúdo, serviços e produtos de várias formas.
Para apostar no mercado digital não é preciso investir sequer alguns centavos. As ferramentas gratuitas estão lá, à disposição da sua criatividade e para quem quiser. Não é preciso gastar para ouvir músicas; comprar CDs é coisa do passado. Livro de receitas é desnecessário, pois todas as receitas do mundo estão na internet.
Mensagens pelo celular - às vezes o torpedo web é rápido e de graça. Filmes - nada de locadoras, aquele filme está a um clique. Jogos, salas de bate papo, entretenimento em geral, instruções para desenvolvimento de trabalhos manuais passo a passo, dicas, sites, blogs e outras opções gratuitas, usadas também para fins comerciais e muito mais que possamos imaginar, estão lá, de graça.
Se ao final de cada dia fossemos calcular tudo o que utilizamos gratuitamente na internet, as cifras não seriam pequenas. Daríamos conta do quanto ganhamos e no quanto deixamos de gastar.
No entanto, não podemos explorar desenfreadamente tudo o que está à nossa disposição. Junto a tanta oferta, existem os perigos. Nem tudo é confiável. Além disso, quem paga a conta a final? Não podemos acreditar que tudo está sendo oferecido apenas porque as pessoas são legais e querem compartilhar coisas.
Devemos, antes de mais nada, saber que tudo que é explorado de forma gratuita tem um serviço “plus”, ou ainda, um negócio a ser explorado por trás da gratuidade, invariavelmente com um fim lucrativo, seja atrelado à publicidade ou busca por perfis, consumidores em potencial. Nessa abundância de conteúdo e serviços gratuitos precisamos estar atentos, pois de alguma forma estaremos pagando (dando algo em troca) pela utilização.
Podemos perceber claramente este processo quando fazemos uso de um antivírus “free”. Todos os dias recebemos ofertas de produtos da empresa fornecedora. Quando participamos das redes de relacionamento, e-mail gratuito, blogs de uso gratuitos, fornecemos nosso perfil, que serve para identificação de nichos, mapear nosso comportamento e a veiculação de publicidade.
Esses são pequenos exemplos que mostram sempre haver um custo por trás do que nos é oferecido “gratuitamente” e que de alguma forma estaremos pagando por aquela utilização. É possível dizer que o gratuito na internet está tanto a serviço do consumidor quanto das marcas.
E para quem opta por fazer uso de ferramentas gratuitas, como sites ou blogs, em detrimento às pagas, terá como diferença os recursos limitados, a impossibilidade de personalização e falta de segurança.
Mas nada impede que se possa fazer uso de maneira diferenciada, mantendo apenas alguma cautela e primando por alguns cuidados. A criatividade é o ponto estratégico.
A tendência é que tudo que esteja disponível na internet tenha sua versão gratuita. Então quanto mais criatividade e cuidado tivermos no uso, mais rentável será; lembre-se: alguém de alguma forma está pagando esta conta. [Webinsider]

sábado, 6 de junho de 2009

Porto Velho sedia o Intercom Norte 2009

Porto Velho, Rondônia vai sediar o VIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte, com o tema central: Comunicação, Educação e Cultura na era Digital, de 18 a 20 de junho de 2009. Mais informações pelo link http://www.intercom.org.br/congresso/regionais/2009/norte/intercomnorte_chamada.shtmlDe acordo com o Coordenador -Geral do Evento, professor Ms. Marco Bonito, a expectativa da organização é reunir cerca de 300 pessoas, entre acadêmicos, professores e profissionais da área da comunicação. Bonito afirma que já tem inscrições de toda a região norte do país.
AGUARDEM PARA O ANO DE 2010:
Porto Velho sediará o VI Conbrascom - Congresso Brasileiro dos Assessores de Comunicação da Justiça, organizado pelo FNCJ Fórum Nacional de Comunicação e Justiça. Entidade sem fins lucrativos que congrega mais de 250 assessores do Judiciário, Ministério Público e entidades afins da Justiça brasileira. Será a primeira vez que o congresso desse porte chega na Amazônia. Portando se você é da área da comunicação, agende-se!!

Fonte: Blog do Celso

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Supremo julga obrigatoriedade do diploma no dia 10/06



O Supremo Tribunal Federal inseriu na pauta da próxima quarta-feira (10/06) o julgamento da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Porém, existe a possibilidade do julgamento ser adiado novamente, já que o ministro Marco Aurélio declarou que levará o caso do menino Sean para ser apreciado na próxima sessão plenária.
O julgamento do Recurso Extraordinário 511961, que questiona a necessidade de formação superior para a obtenção do registro profissional, já foi adiado em uma oportunidade. Ele foi inserido na pauta do dia 01/04, mas não foi discutido por falta de tempo na sessão.
A discussão em torno do tema teve início em 2001, quando a juíza Carla Rister concedeu liminar suspendendo a exigência do diploma, acatando pedido do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo.
Em 2005, o Tribunal Regional Federal revogou o entendimento de primeira instância, e o diploma voltou a ser obrigatório. Entretanto, o Ministério Público Federal recorreu e o caso foi para o STF.
No final de 2006, o relator do processo, ministro Gilmar Mendes, suspendeu temporariamente a obrigatoriedade do diploma até que o caso seja julgado no Tribunal, o que pode acontecer na próxima semana.
Fonte: Comunique-se

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A inteligência coletiva segundo Pierre Lévy


O autor de Cibercultura entende que inteligência coletiva tem a ver com software livre, blogs, TV digital e educação à distância e propôs em São Paulo que usemos a internet para a troca de conhecimento.



O que vem à sua mente ao ler a expressão inteligência coletiva? Se a resposta foi algo parecido com um cérebro gigante, capaz de tomar decisões a partir do conhecimento adquirido e compartilhado por diversas pessoas, não está muito distante da teoria do pesquisador e escritor francês Pierre Lévy. Trata–se, sem dúvida, de uma interpretação peculiar. Mas, simbolicamente, é isso mesmo.
Lévy esteve na quinta–feira, 29 de agosto, em São Paulo, no SESC da Vila Mariana, para apresentar uma conferência sobre as inteligências coletivas, sua principal área de estudo na Universidade de Ottawa, no Canadá. O autor de Cibercultura e O que é o virtual se sentiu em casa. “Tenho um passaporte francês, autorização para viver no Canadá e um coração brasileiro. Já aproveitei minhas estadias aqui para lançar temas que antes nunca havia discutido”, confessou.
Inflado o ego da platéia, o franco–canadense–brasileiro foi mais direto ao assunto. Para ele, a inteligência coletiva (IC) é, basicamente, a partilha de funções cognitivas, como a memória, a percepção e o aprendizado. “Elas podem ser melhor compartilhadas quando aumentadas e transformadas por sistemas técnicos e externos ao organismo humano”, explicou Lévy, referindo–se aos meios de comunicação e à internet.
Porém, o escritor deixou claro que a IC não é só isso: “ela só progride quando há cooperação e competição ao mesmo tempo”. Para exemplificar, Lévy citou a comunidade científica, capaz de trocar idéias (= cooperar) porque tem a liberdade de confrontar pensamentos opostos (= competir) e, assim, gerar conhecimento. “É do equilíbrio entre a cooperação e a competição que nasce a IC”, concluiu, deixando claro que não são apenas os cientistas que utilizam esse novo conceito: “as empresas necessitam cada vez mais de empregados que precisam lançar idéias e resolver questões coletivamente. As tecnologias atuais permitem isso”.
É assim que nasce a IC, tecnologias atuais… Seria o objeto de estudo de Lévy um conceito novo, inexistente no período pré–internet? Segundo o pesquisador, não. A inteligência coletiva desenvolveu–se à medida que a linguagem evoluiu. A disseminação do conhecimento acompanhou a difusão das idéias através dos discursos, da escrita (”posso, hoje, ler Platão, mesmo que ele tenha escrito uma obra há mais de dois mil anos”) e da imprensa (”quanto mais os meios de comunicação se aperfeiçoam, mais ganha a inteligência coletiva”). Hoje, a era é diferente. E inédita. “O mundo das idéias é o ciberespaço, que permite a interconexão e, portanto, a ubiqüidade. Ainda não conhecíamos essa situação”, resume.
O escritor jura que sua teoria não nasceu por acaso e que ela não é fruto exclusivo de seus estudos. Ele apenas tenta adaptar a IC à atualidade social e tecnológica. De fato, a pesquisa de Lévy baseia–se em tríades inspiradas na conexão tripla entre o “signo, a coisa representada e a cognição produzida na mente”, definida pelo semiólogo americano Charles Sanders Peirce.
Um exemplo? Para Lévy, a inteligência coletiva pode ser dividida em inteligência técnica, conceitual e emocional. A primeira corresponde à inteligência que lida com o mundo concreto e dos objetos, como a engenharia (coisa). A seguinte relaciona–se ao conhecimento abstrato e que não incide sobre a materialidade física, como as artes e a matemática (signo). A última, por sua vez, representa a relação entre os seres humanos e o grau de paixão, confiança e sinceridade que a envolve, e tem a ver com o direito, a ética e a moral (cognição).
Porém, a melhor ilustração da tríade de Peirce fica por conta da economia da informação descrita por Lévy. Segundo o conferencista, no mundo atual as idéias são o capital mais importante, e que só pode ser adquirido quando as pessoas pensam em conjunto. Para isso, é necessária a produção de três capitais:
(1) o técnico, que vai dar suporte estrutural à construção das idéias e pode ser exemplificado pelas estradas, prédios, meios de comunicação (coisa);
(2) o cultural, mais abstrato, representado pelo conhecimento registrado em livros, enciclopédias, na World Wide Web (signo);
(3) o social, que corresponde ao vínculo entre as pessoas e grau de cooperação entre elas (cognição).
O capital técnico gera as condições necessárias para a disseminação dos capitais cultural e social que, por sua vez, criam o capital intelectual, ou seja, todas as idéias inventadas e depreendidas pela população e que, uma vez expostas, passam ao domínio público. Esse capital, enfim, é o núcleo de toda a inteligência coletiva.
Lévy afirma que estamos apenas no início de uma nova etapa da evolução cultural. “A que tipo de civilização esse ambiente ecossistêmico de idéias vai nos levar?”, provoca. Antes que alertem–no de que apenas 8% dos brasileiros têm acesso à internet, ele dá sua opinião: “é claro que estamos longe do ideal, mas o índice de conexão no Brasil é notável. Não podemos esquecer que a escrita foi inventada há cerca de três mil anos, o alfabeto há mil e não é a totalidade do mundo que sabe ler e escrever”.
Enfim, a teoria do pesquisador pode ser resumida na sua chamada ecologia das idéias, isto é, a relação bidirecional – e algo darwiniana – entre a população e as idéias. Se as pessoas (não) ajudam a reprodução de conhecimento, este lhe será totalmente (des)favorável. De outro modo, se as idéias (des)favoráveis são mantidas e disseminadas, a população (não) se reproduz. O papel da internet é fundamental para o funcionamento desse sistema. “O ciberespaço é a principal fonte para a criação coletiva de idéias, de forma que elas sejam usadas para o bem de todos, através da cooperação intelectual”, conclui Lévy, após 90 minutos de palestra.
A conexão cada vez mais densa entre os indivíduos realmente contribui para ações coletivas. O próprio Lévy dá exemplos em seu novo livro, Cyberdémocratie, de sites governamentais que se aproveitam da facilidade de comunicação com a população para debater temas relevantes para toda a sociedade. O crescente uso de ferramentas de groupware (tecnologias que auxiliam o trabalho cooperativo), que vão do prosaico correio eletrônico até sofisticados gerenciadores de workflow, também demonstra uma convergência necessária para a inteligência coletiva.
Entretanto, há muito ainda o que pensar. Todas as questões polêmicas e importantes que surgiram com o advento em massa da internet envolvem–se diretamente com a inteligência coletiva: direitos autorais, software livre, weblogs, TV digital, educação à distância, jornalismo online são alguns dos assuntos relacionados à expansão do ciberespaço e merecem destaque. Fora outra infinidade de temas, claro. Não se pode resumir um estudo tão amplo a alguns triângulos e tentar enquadrar os tópicos da pesquisa em cada um dos vértices. A pesquisa merece aprofundamento.
E por que não um aprofundamento coletivo? Cada universidade poderia estudar uma das áreas citadas e, depois, reunir os resultados obtidos das outras instituições e alcançar conclusões. Ou seja, o destino é esse mesmo. Usar a internet e as tecnologias atuais para a difusão e troca do conhecimento, de forma que cada um possa contribuir, do seu canto, no seu tempo, com sua idéia, com seu pensamento, com seu ponto de vista. Assim, será possível construir uma sociedade melhor planejada e, levando ao pé da letra, melhor pensada. Esse caminho pode até não ser seguido. No mínimo, deveria.

Por Raphael Perret