sábado, 2 de janeiro de 2010

REATIVAÇÃO

Pretendo reativar meu blog. Estou pensando que destino, em termos de assunto, darei a ele.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Quem paga pelo que é grátis na internet?

Por tudo o que usamos gratuitamente na internet, estamos dando algo em troca ou pagando de alguma forma. Recebemos propaganda, somos estatísticas ou trafegamos com insegurança. Fique de olho.

A variedade de serviços e produtos gratuitos na internet é quase infinita. Todos os dias novas oportunidades de negócios surgem e cada vez mais as ofertas gratuitas se expandem. O tradicional na internet é ser de graça. São pessoas, empresas, entidades ou instituições oferecendo conteúdo, serviços e produtos de várias formas.
Para apostar no mercado digital não é preciso investir sequer alguns centavos. As ferramentas gratuitas estão lá, à disposição da sua criatividade e para quem quiser. Não é preciso gastar para ouvir músicas; comprar CDs é coisa do passado. Livro de receitas é desnecessário, pois todas as receitas do mundo estão na internet.
Mensagens pelo celular - às vezes o torpedo web é rápido e de graça. Filmes - nada de locadoras, aquele filme está a um clique. Jogos, salas de bate papo, entretenimento em geral, instruções para desenvolvimento de trabalhos manuais passo a passo, dicas, sites, blogs e outras opções gratuitas, usadas também para fins comerciais e muito mais que possamos imaginar, estão lá, de graça.
Se ao final de cada dia fossemos calcular tudo o que utilizamos gratuitamente na internet, as cifras não seriam pequenas. Daríamos conta do quanto ganhamos e no quanto deixamos de gastar.
No entanto, não podemos explorar desenfreadamente tudo o que está à nossa disposição. Junto a tanta oferta, existem os perigos. Nem tudo é confiável. Além disso, quem paga a conta a final? Não podemos acreditar que tudo está sendo oferecido apenas porque as pessoas são legais e querem compartilhar coisas.
Devemos, antes de mais nada, saber que tudo que é explorado de forma gratuita tem um serviço “plus”, ou ainda, um negócio a ser explorado por trás da gratuidade, invariavelmente com um fim lucrativo, seja atrelado à publicidade ou busca por perfis, consumidores em potencial. Nessa abundância de conteúdo e serviços gratuitos precisamos estar atentos, pois de alguma forma estaremos pagando (dando algo em troca) pela utilização.
Podemos perceber claramente este processo quando fazemos uso de um antivírus “free”. Todos os dias recebemos ofertas de produtos da empresa fornecedora. Quando participamos das redes de relacionamento, e-mail gratuito, blogs de uso gratuitos, fornecemos nosso perfil, que serve para identificação de nichos, mapear nosso comportamento e a veiculação de publicidade.
Esses são pequenos exemplos que mostram sempre haver um custo por trás do que nos é oferecido “gratuitamente” e que de alguma forma estaremos pagando por aquela utilização. É possível dizer que o gratuito na internet está tanto a serviço do consumidor quanto das marcas.
E para quem opta por fazer uso de ferramentas gratuitas, como sites ou blogs, em detrimento às pagas, terá como diferença os recursos limitados, a impossibilidade de personalização e falta de segurança.
Mas nada impede que se possa fazer uso de maneira diferenciada, mantendo apenas alguma cautela e primando por alguns cuidados. A criatividade é o ponto estratégico.
A tendência é que tudo que esteja disponível na internet tenha sua versão gratuita. Então quanto mais criatividade e cuidado tivermos no uso, mais rentável será; lembre-se: alguém de alguma forma está pagando esta conta. [Webinsider]

sábado, 6 de junho de 2009

Porto Velho sedia o Intercom Norte 2009

Porto Velho, Rondônia vai sediar o VIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte, com o tema central: Comunicação, Educação e Cultura na era Digital, de 18 a 20 de junho de 2009. Mais informações pelo link http://www.intercom.org.br/congresso/regionais/2009/norte/intercomnorte_chamada.shtmlDe acordo com o Coordenador -Geral do Evento, professor Ms. Marco Bonito, a expectativa da organização é reunir cerca de 300 pessoas, entre acadêmicos, professores e profissionais da área da comunicação. Bonito afirma que já tem inscrições de toda a região norte do país.
AGUARDEM PARA O ANO DE 2010:
Porto Velho sediará o VI Conbrascom - Congresso Brasileiro dos Assessores de Comunicação da Justiça, organizado pelo FNCJ Fórum Nacional de Comunicação e Justiça. Entidade sem fins lucrativos que congrega mais de 250 assessores do Judiciário, Ministério Público e entidades afins da Justiça brasileira. Será a primeira vez que o congresso desse porte chega na Amazônia. Portando se você é da área da comunicação, agende-se!!

Fonte: Blog do Celso

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Supremo julga obrigatoriedade do diploma no dia 10/06



O Supremo Tribunal Federal inseriu na pauta da próxima quarta-feira (10/06) o julgamento da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Porém, existe a possibilidade do julgamento ser adiado novamente, já que o ministro Marco Aurélio declarou que levará o caso do menino Sean para ser apreciado na próxima sessão plenária.
O julgamento do Recurso Extraordinário 511961, que questiona a necessidade de formação superior para a obtenção do registro profissional, já foi adiado em uma oportunidade. Ele foi inserido na pauta do dia 01/04, mas não foi discutido por falta de tempo na sessão.
A discussão em torno do tema teve início em 2001, quando a juíza Carla Rister concedeu liminar suspendendo a exigência do diploma, acatando pedido do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo.
Em 2005, o Tribunal Regional Federal revogou o entendimento de primeira instância, e o diploma voltou a ser obrigatório. Entretanto, o Ministério Público Federal recorreu e o caso foi para o STF.
No final de 2006, o relator do processo, ministro Gilmar Mendes, suspendeu temporariamente a obrigatoriedade do diploma até que o caso seja julgado no Tribunal, o que pode acontecer na próxima semana.
Fonte: Comunique-se

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A inteligência coletiva segundo Pierre Lévy


O autor de Cibercultura entende que inteligência coletiva tem a ver com software livre, blogs, TV digital e educação à distância e propôs em São Paulo que usemos a internet para a troca de conhecimento.



O que vem à sua mente ao ler a expressão inteligência coletiva? Se a resposta foi algo parecido com um cérebro gigante, capaz de tomar decisões a partir do conhecimento adquirido e compartilhado por diversas pessoas, não está muito distante da teoria do pesquisador e escritor francês Pierre Lévy. Trata–se, sem dúvida, de uma interpretação peculiar. Mas, simbolicamente, é isso mesmo.
Lévy esteve na quinta–feira, 29 de agosto, em São Paulo, no SESC da Vila Mariana, para apresentar uma conferência sobre as inteligências coletivas, sua principal área de estudo na Universidade de Ottawa, no Canadá. O autor de Cibercultura e O que é o virtual se sentiu em casa. “Tenho um passaporte francês, autorização para viver no Canadá e um coração brasileiro. Já aproveitei minhas estadias aqui para lançar temas que antes nunca havia discutido”, confessou.
Inflado o ego da platéia, o franco–canadense–brasileiro foi mais direto ao assunto. Para ele, a inteligência coletiva (IC) é, basicamente, a partilha de funções cognitivas, como a memória, a percepção e o aprendizado. “Elas podem ser melhor compartilhadas quando aumentadas e transformadas por sistemas técnicos e externos ao organismo humano”, explicou Lévy, referindo–se aos meios de comunicação e à internet.
Porém, o escritor deixou claro que a IC não é só isso: “ela só progride quando há cooperação e competição ao mesmo tempo”. Para exemplificar, Lévy citou a comunidade científica, capaz de trocar idéias (= cooperar) porque tem a liberdade de confrontar pensamentos opostos (= competir) e, assim, gerar conhecimento. “É do equilíbrio entre a cooperação e a competição que nasce a IC”, concluiu, deixando claro que não são apenas os cientistas que utilizam esse novo conceito: “as empresas necessitam cada vez mais de empregados que precisam lançar idéias e resolver questões coletivamente. As tecnologias atuais permitem isso”.
É assim que nasce a IC, tecnologias atuais… Seria o objeto de estudo de Lévy um conceito novo, inexistente no período pré–internet? Segundo o pesquisador, não. A inteligência coletiva desenvolveu–se à medida que a linguagem evoluiu. A disseminação do conhecimento acompanhou a difusão das idéias através dos discursos, da escrita (”posso, hoje, ler Platão, mesmo que ele tenha escrito uma obra há mais de dois mil anos”) e da imprensa (”quanto mais os meios de comunicação se aperfeiçoam, mais ganha a inteligência coletiva”). Hoje, a era é diferente. E inédita. “O mundo das idéias é o ciberespaço, que permite a interconexão e, portanto, a ubiqüidade. Ainda não conhecíamos essa situação”, resume.
O escritor jura que sua teoria não nasceu por acaso e que ela não é fruto exclusivo de seus estudos. Ele apenas tenta adaptar a IC à atualidade social e tecnológica. De fato, a pesquisa de Lévy baseia–se em tríades inspiradas na conexão tripla entre o “signo, a coisa representada e a cognição produzida na mente”, definida pelo semiólogo americano Charles Sanders Peirce.
Um exemplo? Para Lévy, a inteligência coletiva pode ser dividida em inteligência técnica, conceitual e emocional. A primeira corresponde à inteligência que lida com o mundo concreto e dos objetos, como a engenharia (coisa). A seguinte relaciona–se ao conhecimento abstrato e que não incide sobre a materialidade física, como as artes e a matemática (signo). A última, por sua vez, representa a relação entre os seres humanos e o grau de paixão, confiança e sinceridade que a envolve, e tem a ver com o direito, a ética e a moral (cognição).
Porém, a melhor ilustração da tríade de Peirce fica por conta da economia da informação descrita por Lévy. Segundo o conferencista, no mundo atual as idéias são o capital mais importante, e que só pode ser adquirido quando as pessoas pensam em conjunto. Para isso, é necessária a produção de três capitais:
(1) o técnico, que vai dar suporte estrutural à construção das idéias e pode ser exemplificado pelas estradas, prédios, meios de comunicação (coisa);
(2) o cultural, mais abstrato, representado pelo conhecimento registrado em livros, enciclopédias, na World Wide Web (signo);
(3) o social, que corresponde ao vínculo entre as pessoas e grau de cooperação entre elas (cognição).
O capital técnico gera as condições necessárias para a disseminação dos capitais cultural e social que, por sua vez, criam o capital intelectual, ou seja, todas as idéias inventadas e depreendidas pela população e que, uma vez expostas, passam ao domínio público. Esse capital, enfim, é o núcleo de toda a inteligência coletiva.
Lévy afirma que estamos apenas no início de uma nova etapa da evolução cultural. “A que tipo de civilização esse ambiente ecossistêmico de idéias vai nos levar?”, provoca. Antes que alertem–no de que apenas 8% dos brasileiros têm acesso à internet, ele dá sua opinião: “é claro que estamos longe do ideal, mas o índice de conexão no Brasil é notável. Não podemos esquecer que a escrita foi inventada há cerca de três mil anos, o alfabeto há mil e não é a totalidade do mundo que sabe ler e escrever”.
Enfim, a teoria do pesquisador pode ser resumida na sua chamada ecologia das idéias, isto é, a relação bidirecional – e algo darwiniana – entre a população e as idéias. Se as pessoas (não) ajudam a reprodução de conhecimento, este lhe será totalmente (des)favorável. De outro modo, se as idéias (des)favoráveis são mantidas e disseminadas, a população (não) se reproduz. O papel da internet é fundamental para o funcionamento desse sistema. “O ciberespaço é a principal fonte para a criação coletiva de idéias, de forma que elas sejam usadas para o bem de todos, através da cooperação intelectual”, conclui Lévy, após 90 minutos de palestra.
A conexão cada vez mais densa entre os indivíduos realmente contribui para ações coletivas. O próprio Lévy dá exemplos em seu novo livro, Cyberdémocratie, de sites governamentais que se aproveitam da facilidade de comunicação com a população para debater temas relevantes para toda a sociedade. O crescente uso de ferramentas de groupware (tecnologias que auxiliam o trabalho cooperativo), que vão do prosaico correio eletrônico até sofisticados gerenciadores de workflow, também demonstra uma convergência necessária para a inteligência coletiva.
Entretanto, há muito ainda o que pensar. Todas as questões polêmicas e importantes que surgiram com o advento em massa da internet envolvem–se diretamente com a inteligência coletiva: direitos autorais, software livre, weblogs, TV digital, educação à distância, jornalismo online são alguns dos assuntos relacionados à expansão do ciberespaço e merecem destaque. Fora outra infinidade de temas, claro. Não se pode resumir um estudo tão amplo a alguns triângulos e tentar enquadrar os tópicos da pesquisa em cada um dos vértices. A pesquisa merece aprofundamento.
E por que não um aprofundamento coletivo? Cada universidade poderia estudar uma das áreas citadas e, depois, reunir os resultados obtidos das outras instituições e alcançar conclusões. Ou seja, o destino é esse mesmo. Usar a internet e as tecnologias atuais para a difusão e troca do conhecimento, de forma que cada um possa contribuir, do seu canto, no seu tempo, com sua idéia, com seu pensamento, com seu ponto de vista. Assim, será possível construir uma sociedade melhor planejada e, levando ao pé da letra, melhor pensada. Esse caminho pode até não ser seguido. No mínimo, deveria.

Por Raphael Perret

sábado, 10 de janeiro de 2009

O ESTUDANTE DE COMUNICAÇÃO E O BICHO QUE O ESPERA

As tecnologias digitais são um buraco negro que engole um a um os meios de comunicação, mas que ainda não nos deixa ver com clareza o bicho que sairá do outro lado.

Por Zeca Martins

Na mitologia grega, neguinho quando morria não ia pro céu nem pro limbo nem pro inferno: ia direto para o reino de Hades, o deus da morte, das profundezas.
Chegando nas imediações, era obrigado a atravessar o rio que o separava da entrada principal. Esta travessia, aliás, era monopólio de um barqueiro chamado Caronte, que cobrava um óbulo – moeda da época – pelo serviço.
Para garantir que o morto chegasse ao reino de Hades, não se transformando numa alma errante, penada, sem destino, é que os gregos tinham o hábito de enterrar o defunto com uma moeda sobre o corpo. Assim ele teria os meios de pagar o tal Caronte.
Uma vez desembarcado, nosso amigo presunto ainda tinha que passar diante do olhar desconfiado de um cachorrão muito bravo chamado Cérbero, guardião da entrada do reino. Bobeou, levou mordidas. Isso mesmo, no plural, porque o feioso do Cérbero tinha três cabeças. Um horror, enfim.
Hoje, quando vejo que a estudantada de comunicação tem um monstrengo igualmente inclemente à sua espera, impossível não me lembrar do cachorrão tricapitado, se o leitor me permite o neologismo.
O monstrengo a que me refiro é o terremoto tecnológico que tem chacoalhado o ambiente da comunicação. Grau nove na escala Richter.
O leitor mais jovem talvez não se dê conta, mas nunca antes neste país – como diria nosso molusco-presidente ou presidente-molusco, como queira – se viu tamanhas modificações de cenário em tão pouco tempo. Nem neste país nem no resto do mundo.
Até há bem poucas décadas um simples telefonema interurbano, por exemplo, era um evento! A primeira transmissão de televisão internacional ao vivo foi há menos de 40 anos. A primeira colorida, há 34. Na escala do tempo isso é nada.
Ultimamente, em menos de dez anos, vimos a telefonia fixa ter sua morte decretada, as cartas viraram e-mails, a revelação de fotografias sumiu, os guias de cidades viraram GPS.
Há menos de 15 anos olhávamos a estrelas aqui da Terra. Hoje, com o Google Earth, olhamos a Terra a partir das estrelas.
Não, leitor, isto não é nenhum delírio fascinado de um cinqüentão: é um alerta. Primeiro, porque o mundo ainda pensa e é administrado (comandado) por cabeças formadas dentro de um modelo de raciocínio. Muitas das verdades (crenças e valores) que guiam nossos destinos ainda são as do século vinte. De meados do século vinte!
Há um enorme conflito em ebulição. Tem um vazio aí, em algum lugar. Quem souber conviver com o que vem, driblando a mentalidade passada, vai se dar, creio, muito bem.
Em segundo lugar, porque a tecnologia é muito rápida (enquanto a transição dos valores é muito lenta), o que tem tudo a ver com as três cabeças do monstrengo que te espera.
Primeira cabeça do monstro: A multiplicação dos meios de comunicação.
Quando terminei a faculdade (ESPM-SP, 1982), pensávamos publicidade sempre associando-a com os limitados meios de comunicação disponíveis: rádio, jornal, revista, TV, outdoor. Pronto, acabou. No more. Não bastasse, tinha sempre relativamente muita grana na parada, as verbas eram ótimas, e todo mundo fazia uma farra.
Mas o tal monstrinho foi pondo a cabecinha devagarinho, devagarinho (sem sacanagem, por favor!) pra fora, ninguém se deu conta e…
E veio televisão a cabo com 800 canais, rádio digital via internet, um milhão de novos provedores de informação a mais por dia, filme publicitário dentro de um jornal com cara de impresso (nas home pages), RSS, blogs, links patrocinados, a notícia vai na mão e também vem na contra-mão, You Tube, você faz a televisão, o jornalista escreve a notícia, você escreve a notícia, o publicitário faz anúncios, o cidadão comum também faz anúncios, o e-paper tá chegando etc. etc. A própria língua falada e escrita está mudando (não me refiro a acordo ortográfico). Bem, f… tudo!
E eu às vezes me queixava do conjunto rádio, TV, jornal, revista e outdoor. Caramba, como era tudo tão fácil! Meu Deus, eu era tão feliz!
Me preocupa não ter notícia de muitas faculdades de comunicação profundamente interessadas em fazer ver ao aluno, ainda que na porrada, a necessidade premente, impostergável de estudarem detidamente as conseqüências e desdobramentos desta explosão de meios de comunicação que vivemos, estudar muito mais a fundo do que supõe nossa vã filosofia.
Insiste-se, por exemplo, exageradamente na semiótica, quando quem está com os dentes arreganhados, prestes a morder o calcanhar do comunicador, é a memética. Ensina-se planejamento de propaganda com a mesma receita embolorada que ensinaram para mim.
Criação, então, para muita gente ainda se resume a uma ridícula sacadinha. :(
Segunda cabeça do monstro: Convergência dos meios de comunicação.
A internet e as tecnologias digitais são, de certa forma, um imenso buraco negro que está engolindo um a um os meios de comunicação, mas que ainda não nos deixa ver com clareza o bicho que sairá do outro lado. Que espécie de entidade híbrida, afinal, haverá brevemente de nos manter ligados ao resto da humanidade?
Ironicamente, os meios foram multiplicados para no final se tornarem um só!
Multiplicamos para reduzir. “E sereis um” bem que poderia estar escrito em algum versículo da Bíblia ou centúria de Nostradamus.
Exatamente em razão desta convergência dos meios, acredito piamente que separar as áreas da comunicação em comportamentos estanques não deverá fazer muito sentido dentro de algum tempo (já não faz hoje!). Publicidade, jornalismo, RP etc., tudo deverá se aproximar muito, quando não se fundir, unificando-se, aqui e acolá, numa mega atividade qualquer.
E tudo depende da engenharia eletrônica. Tão logo a internet esteja baseada numa ampla rede de comunicação de altíssima capacidade de transmissão de dados, a fusão vai se completar.
Depois, só com bola de cristal para saber.
Terceira cabeça do monstro: Um novo mercado de trabalho.
Toda esta reconfiguração do ambiente profissional vai desaguar, evidentemente, em novas ou, mais exatamente, diferentes oportunidades de trabalho.
Não me parece que os modelos tradicionais empregador-empregado e agência-cliente vão resistir intactos por muito tempo neste nosso mercado da comunicação (falo dos próximos 15 ou 20 anos, quando você estará atingindo o ápice da sua vida profissional).
Há quinze anos, mal imaginávamos a internet.
Agora você já não é mais um estudante ou profissional de uma cidade ou região. Você é estudante ou profissional e ponto final. Do mundo. As oportunidades não estão encapsuladas na sua cidade, estão escancaradas bem diante da sua cara, na internet, que representa o mundo inteiro.
Mas você precisa apertar um botão.
Por isso, se eu não estiver redondamente enganado, mais do que nunca quem irá se dar bem é o profissional pra lá de preparado, de vastíssima cultura geral, muito letrado & viajado, que domina perfeitamente outro idioma – tanto quanto o português (sempre foi assim, mas parece que a coisa vai apertar).
Ouso imaginar que a capacidade de entender filosofia logo será mais valorizada que a de entender tecnologia. Enfim, tudo me leva a acreditar que se exigirá bem mais do que se tem feito até aqui.
Porque em algum momento (próximo) o choque de mentalidades e valores vai criar um racha qualquer, talvez como na França de 1968 ou, em sentido filosoficamente semelhante porém esteticamente diferente, Woodstock, um ano depois. Provavelmente não tão barulhento, mas certamente será um racha profundo.
E agora? Você vai trabalhar onde? Vai pedir emprego pra quem? Aliás, o que é você mesmo? Publicitário? Relações Públicas? O quê?
Quer uma dica? Não peça emprego; crie oportunidades de trabalho. Esse é o jogo.
O bicho é feio? É feio. É bem feioso. Mas acredito piamente que com calma, muito esforço e competência você doma a fera cabeçuda e ainda sai bonito na foto. [Webinsider]

Postado: 16 de dezembro de 2008, 12:01
Sobre o autor: Zeca Martins (zecamartins@yahoo.com.br) é publicitário e mantém um blog.
Foto: Sergio Afonso/olhares.aeiou.pt/Gentes e Locais

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

PORQUE A INTERNET VAI MATAR A PROPRIEDADE INTELECTUAL

Os princípios de proteção à produção intelectual estabelecidos na Convenção de Berna, atualizados durante o século 20 e ratificados pela maioria dos países, já dão claros sinais de cansaço diante do pensamento liberalizante da internet.
Por Zeca Martins

Certamente, você já ouviu falar da teoria dos vasos comunicantes, aquela que nos mostra que líquidos contidos em vários recipientes igualam seus níveis quando estes recipientes são interligados.
Com o conhecimento se dá a mesma coisa.
Até então represado em universidades, bibliotecas, livros etc., que sempre foram ambientes de acesso restrito, o conhecimento tinha uma dificuldade histórica de se expandir e beneficiar todo mundo.
Voltando aos vasos comunicantes, a internet vem colocando mais e mais tubos conectando pessoas que, por sua vez deixam o conhecimento escoar muito livremente para todos os lados, num processo incontrolável de multiplicação das idéias. Sem restrições, sem preconceitos, sem barreiras.
A tendência, ainda que se demore muitos e muitos anos, é o nivelamento do conhecimento entre os homens. Claro que isso, por si só, não significa que todos venham a usar a informação e o conhecimento da mesma forma e com os mesmos resultados, uma vez que aí entram em cena as capacidades e os talentos individuais. Mas que que o nível médio subirá muito, não há a menor dúvida.
Até aqui, eu não disse nada de surpreendente. O que me importa discutir, porém, é uma coisa chamada propriedade intelectual.Os princípios de proteção à produção intelectual vigentes em boa parte do mundo, estabelecidos há séculos, normatizados pela Convenção de Berna (nascida Convenção da União de Berna, por volta de 1880, com atualizações durante o século 20) e ratificados pela maioria dos países, já dão claros sinais de cansaço diante do pensamento liberalizante da internet.O cambaleante mercado fonográfico é prova incontestável.
Cada vez menos faz sentido o conhecimento pertencer a alguém, como se fosse um automóvel ou um eletrodoméstico. Porque cada vez mais a humanidade vai-se convencendo que o conhecimento é ou deve ser universal, tal qual o ar que respiramos. Não faria sentido o ar pertencer a alguém que nos vendesse cotas diárias do direito à respiração. Note: na analogia, não falei de venda de volumes físicos de ar, como que engarrafado em cilindros, mas da venda do direito de respirar.
Na verdade, não advogo que deva ser feita uma lei que acabe com o direito autoral e o da propriedade intelectual como os conhecemos hoje. Isso seria de uma inutilidade acachapante.
Apenas acredito que muito brevemente os tais princípios vão morrer sozinhos, secos, de velhice, num processo irrefreável, auto-sustentado, impossível de ser impedido sejam lá com quantas leis, decretos e tratados se venha a imaginar.
Eu mesmo já fui um franco defensor do modelo que agora já chamo de “antigo”, o de Berna. Mas é-me impossível continuar a sê-lo, diante das evidências que nos surgem diariamente.
Os blogs, por exemplo, são prova disso. Eu e todos os demais blogueiros do mundo poderíamos simplesmente cobrar pelo acesso às nossas idéias e informações, publicando-as na forma de livros ou sites de acesso pago, por exemplo. Mas não o fazemos. Por que? Porque não interessa, simplesmente. Talvez porque haja um certo atavismo contido nesta necessidade de contribuir com todo mundo.
É claro que o leitor poderá retrucar, dizendo “mas e os teus livros e cursos, Zeca, por que você não os dá simplesmente, de graça?”.
A resposta é fácil: porque não os imprimo de graça e nem pego comida no supermercado sem pagar.
Não é de sobrevivência, o que eu falo. Quero dizer com isso que não cobro pelo meu escasso conhecimento, mas sim pelo meu trabalho de ficar anos e anos juntando informações, experimentando hipóteses e reunindo conclusões, para passá-las adiante.
O modelo de direito autoral que ora vige, não é o da venda de volumes cúbicos de oxigênio, é o da venda do seu direito de respirá-lo! São coisas muito diferentes.
A questão que se impõe, no fundo, é, a meu ver, como sobreviver do conhecimento sem cobrar por ele? Como? (Declaro aberta a temporada de comentários e discussões). Porque não tenho dúvida de que, por mais que esperneiem os juristas e advogados, o direito de autor vai morrer, a propriedade intelectual vai morrer.
E a internet avisa que comparecerá ao funeral. [Webinsider]

Postado em:22 de novembro de 2008, 9:38
Sobre o autor: Zeca Martins (zecamartins@yahoo.com.br) é publicitário e mantém um blog.